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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Helicônias com suas flores escarlates

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"A uniformidade da superfície do terreno e a aparente confusão da terra com o céu, produzida pela atmosfera nublada, carregada da fumaça das queimadas, produzia sobre o espírito a mesma impressão, que se tem quando se olha para o mar largo, e que era realçada pelos grupos distantes e espalhados de árvores, os quais apresentavam a aparência de ilhas. Estes grupos, que em geral têm a extensão de alguns hectares, quando se vai aproximando deles tomam a aparência de formas arquiteturais assemelhando-se as fortalezas ou castelos. Chegando-se mais perto a cor verde das árvores que é realçada por uma orla de palmeiras Tucumãs ( Astrocaryum tucuma ) com seus lindos e amarelos cachos de cocos, e, na parte inferior pelas Helicônias de folha lustrosa com suas flores escarlates, apresenta à vista um relevo tão agradável depois da monotonia da planície como a deliciosa sombra e a evidência da vida animal e vegetal a todos os outros sentidos, assim que nelas se entra. [...]". Orville A

A barulhenta vida animal

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"As matas por aqui são repletas de barulhenta vida animal especialmente aves que aclamaram com assobios, gritos, chilreios e estridências a vinda de uma brisa fresca à tarde: havia bandos de barulhentos "pássaros pretos", lembrando demais, tanto em trinados como em forma e cor, nossos melros ingleses, canindés esganiçados (grandes araras purpúreas), bandos de periquitos, graciosas garças brancas; ouviam-se também os gritos altos das seriemas os gritos agudos e repetidos da araponga, como se batesse em uma barra de ferro, o grunhido de pecaris e os mergulhos ruidosos das capivaras. Não se deve imaginar que todos estes sons emanavam de uma localidade dada como uma menagerie ou jardim zoológico; este é um engano em que incorre frequentemente ao descrever cenas tropicais, pois o viajante não tem como mencionar as diferentes aves, animais, ou gritos estranhos quando os encontrar ou ouvir em momentos diferentes durante a jornada de um dia. [...]". James W. Wells (1841-

As Igrejas do Grão-Pará

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  "Precavido a muitos respeitos, o organizador da jornada ao Pará prevenira-se com o acompanhamento de sacerdotes, não só para o bom êxito da expedição, como também para a prática por eles, continuadamente, do serviço divino, na qual os conquistadores tinham a máxima confiança. Assim é que vieram com Francisco Caldeira de Castello Branco: Fr. Antônio da Merciana e Fr. Christovão de São José. Não descuraram estes de erigir, à medida em que progredia a construção do forte, e dentro do seu recinto, uma pequena ermida, sob a invocação de Nossa Senhora da Graça, sendo esta a primeira casa de Deus que surgiu em meio do novo povoado, sagrando a sua fundação. No ano seguinte ao deste assinala o evento, os capuchos de Santo Antônio fundaram um pequeno hospício no sítio chamado Una, e 1626, em Belém, o convento com a sua capela ao lado, para o serviço divino. A atual igreja de Santo Antônio, data, porém, de 1736-1743. Junto, ou melhor, nas proximidades da primeira ermida, foi con

Rua dos Mercadores

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"[...]. Belém, naquele tempo, se expandia vagarosamente. Da clareira da Matriz de N. S. da Graça, becos, ruelas, veredas, trilhas marginavam paralelas ao rio; outras penetravam à mata, abriam caminhos normais ao litoral. Surgiam as primeiras ruas como setas de uma estrela nas quatro direções da urbe que dava seus passos iniciais. Uma descida do “largo” procuraria vencer o pirizal em demanda da outra margem permitindo, ao colonizador, atingir o caminho certo que o levaria ao convento dos Capuchos de Santo Antônio, situado nos confins da cidade, ou o da praia que terminava nas instalações humildes dos Mercedários. Era a avançada para as terras da Campina que, desde cedo, encantaria aos heróis de nossa formação. Saindo da “cidade” propriamente dita, necessariamente, ter-se-ia que vencer a baixada na foz do Piri, transpondo-a pelas palafitas de uma ponte improvisada, lateralmente solta, presa às amarras de tronqueiras e cipós que constituíam sua estrutura empírica, garantindo s

Usos e costumes em Belém no século XVII

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"[...]. Quanto aos costumes, usos, estilos e festas populares, ... – conservavam os dos portugueses, seus antepassados. As mulheres trajavam-se à moda europeia. Eram excelentes mães de família, não lhes sendo desconhecidos “o lavor de bordar, de coser, de bilrar rendas e de lavrar de agulha ou de penas atavios de flores”. Até o ano de 1749, o dinheiro corrente na cidade era simbolizado pelos novelos de algodão ou gêneros da terra. Não existia outro. O decreto régio de 12 de junho de 1748 estabeleceu o derrame do dinheiro amoedado, tempos depois posto em circulação. Vem daí o seu curso e uso no Pará. Uma das festas mais populares e mais concorridas da época era a do Apóstolo São Tomé, instituída pelos jesuítas. Pretexto para folguedos, danças e desordens. Realizava-se em terreno apropriado, lá para as bandas da antiga Pedreira, no rio Guamá. O Natal de Jesus servia de motivo para as reuniões familiares, onde eram servidas ceias em iguarias portuguesas

A descrição de Belém por Theodoro Braga

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   "A descrição de Belém feita por Theodoro Braga, através dos vários itinerários dos bondes, nos dá uma perfeita ideia da cidade dessa época: do elegante “Boulevard da República”; da Rua Conselheiro João Alfredo, “principal artéria elegante do comércio a retalho”; da rua 28 de setembro, no Reduto, “artéria principal do bairro menos abastado, cheio de povo e pequenos comerciantes, sobretudo de nacionalidade síria”, bairro este que continha, além das usinas da The Pará Eletric Railway and Lighting Co., “as fábricas de gelo, de cordas, de pregos, de construção e móveis Freitas Dias, grande armazém de ferragens Redutense tomando todo um quarteirão, da Av. 15 de Agosto, em construção na época e que era considerada como destinada a vir a ser, no futuro, “a mais bela e majestosa avenida urbana” no término da qual estava a Praça da República, com o Teatro da Paz, “a Farmácia Dermol, a mais bela e importante da cidade, a elegante casa de modas de Mme. Bousseau, o cinematógrafo Rio B

O Piri

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"[...]. Todas as plantas do século XVIII mostram claramente o domínio da grande baixada que praticamente dividiria a urbe em duas partes. O Jesuíta João Daniel em seu trabalho, hoje raríssimo, cita Belém como que separada em duas porções: uma a direita e a outra à esquerda do valado do Piri. A velha travessa de São Mateus em função paralela à Estrada de São José, serviria de eixo divisório, além de já o ser, desde a criação do bispado, a linha que separaria as duas paróquias da cidade: a da Sé e a da Campina: [...]. Baena informa em suas obras ter o Piri 600 por 300 braços e isso   se poderá constatar com clareza nos desenhos efetuados na segunda metade do século XVIII. Com maior destaque, a planta de 1791 de Constantino Chermont define os limites molhados do discutido pântano que, para seu ensecamento, os serviços durariam um século, sendo aterrado com pedregulho e cascalho das poucas zonas altas de Belém, procedido em costado de escravos e transportado em cestões pr

As primeiras ruas de Belém do Pará

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" Cessada a resistência dos índios, saíram os colonos do interior da Praça das Armas e iniciaram o desbravamento da mata. Abriram caminhos. Ao primeiro, que corria paralelo ao mar e que findava no sítio onde o famoso sertanista Bento Maciel Parente edificara a sua casa de moradia, no tempo em que era Capitão-Mor do Pará, chamaram Rua do Norte. Isto em 1621. Pouco depois, foram abertas mais duas ruas: a do espírito Santo e a dos Cavaleiros. Logo a seguir a de S. João, todas paralelas à do Norte. Desenvolvendo-se a colônia em direção ao centro, foram rasgadas, mais tarde, os caminhos transversais, chamados da Residência da Atalaia e Barroca. A rua de S. Vicente, no bairro da Campina, foi aberta em 1676. Antes de findar o século XVIII, Belém estava dividida em duas freguesias: a da Sé e a de Santana. A primeira era a mais antiga e compreendia o bairro da Cidade Velha, que vinha da era remota da fundação.   A segunda havia sido criada em 1727, situando-se no bairro novo da Campin

A formação de Belém

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"Não deixa de haver interesse em saber-se como se formou a nossa hoje grande capital, que, afastando-se da regra geral, quanto mais velha fica, mais moça e formosa se nos apresenta. Fundada Belém, a primeira praça aberta na mata frondosa foi a da Matriz, aquela que chamamos atualmente de Dom Frei Caetano Brandão, antigo Largo da Sé, que ocupava o centro do local que Castelo Branco fez povoar. O Largo era separado do centro do matagal por um extenso igarapé que, partindo do Ver-o-Peso, dava longa volta paralela à Avenida São José, tomando daí o rumo do Arsenal de Marinha, junto ao qual, nos fundos, desaguava para o Guajará, sendo essa parte do igarapé – assim cremos – hoje conhecido pelo nome de Igarapé do Ladrão . Pouco a pouco se foram abrindo as vias públicas que formam o bairro da Cidade Velha : ruas Norte, Espírito Santo, Cavalleiros, São Boaventura, Aljube, Alfama, Longa, São João e outras; travessas Rosa, Atalaia, Água das Flores, Barroca e Ferreiros; largos do Ca

A chegada de Castelo Branco

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" Castelo Branco navegou por muito tempo absorto diante da majestade de selvas seculares, de esteiros graciosos, de terras verdejantes, de pássaros multicores e de vários tamanhos e formas, que esvoaçavam no espaço ou repousavam nas praias em grandes bandos. A natureza virgem do solo devia realmente ser admirável e opulenta. Os seus mistérios e esplendores não tinham ainda sido devassados pelos aventureiros. Julgava ele estar no Amazonas, e subindo sempre por entre ilhas de basta e luxuriante vegetação, avistou uma grande enseada que terminava a sua curva em alta ponta de terra firme formando uma espécie de península, banhada de um lado pelo rio Guamá e de outro pela baía do Guajará. E na suposta hipótese de achar-se nas águas do Amazonas, deu a este sítio o nome de Grão-Pará que na língua tupi quer dizer – rio grande. Agradou-lhe o aspecto do lugar, pelo que mandou fundear os seus navios nessa enseada que estendia-se ao longo em plácido remanso, n só para dar repouso à gen

As Bignoniaceas nas margens do Rio Amazonas

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"Entre as plantas que cobrem as margens do Rio Amazonas, as que mais o enfeitam, dando-lhe às vezes  aspecto fantástico, são as Bignoniáceas, que trepando pelos madeiros secos, cobrindo a copa das árvores, ou caindo sobre as ribanceiras, formam colunatas, arcos, ogivas, caramanchões de formas caprichosas, tudo esmaltado de flores brancas, amarelas e carmesins que embalsamam a sombra que produzem. Para essa construção esquisita, tecem as espécies com seus inúmeros cipós a entrada das florestas, em que não penetra o homem senão à mão armada, para destruir a rede imensa que se forma. [...]". João Barbosa Rodrigues (1842-1909). Eclogae plantarum novarum. Vellosia: contribuições do Museu Botânico do Amazonas , v. 1: Botânica, 1891, p. 47.       Memora schomburgkii (Bignoniaceae). Margaret Mee. In search of flowers of the Amazon Forests. 1989. 

As folhas da Paxiúba

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"Três dos meus homens logo se puseram a construir duas cabanas para nós, cobrindo uma com folhas de açaí, outra com folhas de paxiúba. Ao lado de cada uma foram escolhidas duas árvores situadas numa distância conveniente para pendurar redes. Para sustentar os tetos foram amarradas umas varas entre as árvores, de modo a formar triângulos. As cabanas acabaram de ser construídas justamente quando a chuva, cujo fragor já se escutava à distância fazia algum tempo, começou a cair, continuando até depois da meia noite. [...]". Richard Spruce (1817-1893). Notas de um botânico na Amazônia . 2006, p. 220.       Paxiuba ( Iriartea exorrhiza) C. Fr. von Martius. Historia Naturalis Palmarum (1823-1850)