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Mostrando postagens de novembro, 2015

O Gaturamo: o mavioso cantador das matas

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"Talvez nenhum outro pássaro cantor seja mais querido dos nossos escritores, do que o gentil, minúsculo e faceiro gaturamo, o mavioso cantador das matas, dos campos e dos quintais; e mais das taperas e das capoeiras, cujo silencioso abandono ele desperta com o seu canto às vezes, terno, vivo, alegre, outras vezes, apaixonado, nostálgico, sentido. Nem o sabiá, melodioso flautista de asas, que Gonçalves Dias imortalizou, e que, pela madrugada e ao cair da noite, pelos mesmos pousos do gaturamo, desfere as notas do seu cantor vibrante e suave; nem o rouxinol, com as suas endeixas inspiradas, maviosas; nem o canário, com a variedade medida de seus acordes, nem a juriti, nem a rola, com os seus arrulhos, queixosos, tocantes; nem o bicudo, o curió, as patativas, os brejais, nos seus dulcídios gorjeios; nem os caboclinhos, com a ternura dos seus descantes; nem todos os outros cantores emplumados, jamais mereceram a estima, o afeto, a simpatia geral, que o gaturamo desfruta, indiferen

As Palmeiras

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"A família das palmeiras é a providência do seringueiro, ou habitante do vale amazônico. A Pupunheira dá-lhe substancial e delicioso alimento, como sustenta também o saboroso Tucumã. O Açaizeiro fornece o revigorante açaí, alimento completo, tão gostoso, que vicia quem o prova. O Patauá sustenta-o, dá-lhe óleo para a cozinha e luz para a candeia. A Paxiúba, rija como aço é a estrutura de seu rancho. A Paxiubinha, o soalho da palafita moderna, que é o rancho do seringueiro, ou morador ribeirinho. O Tucum fornece a linha e a rede de pesca, ou aquela em  que dorme. [...]". Francisco de Barros Junior. Caçando e pescando por todo o Brasil. 5a. Série: Purus e Acre . [s.d.], p. 50.      J. Barbosa Rodrigues. Sertum palmarum brasiliensium. 1989.   

Uma viagem com as margens floridas

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"Navegamos até Barcelos e de lá, pelo rio Demini, até o rio Araçá. Aproveitei a glória das margens já que todas as flores resolveram se abrir ao mesmo tempo: Gustavia augusta , branca de tantas flores; uma trombeta chinesa com flores cor-de-rosa aparecia por cima dos arbustos dentro da água, perdendo suas pequenas trombetas na correnteza; o panículo amarelo da Oncidium ceboletta pendurado sob uma bromélia com brácteas escarlates apresentando uma sinfonia de cores e formas. Navegamos por um cenário glorioso, o rio espelhado e ornado com tulias graciosas, buritis escuros e jarás nas margens e praias de área branca. Bacuris  cobertos com flores cor-de-rosa enfileiravam-se pelo rio. Essa árvore produz um pequeno fruto com o sabor parecido com o da Chinese lychee". Margaret Mee (1909-1988). Flores da floresta amazônica . 2010, p. 76.       Gustavia augusta Ilustração de Margaret Mee (1909-1988). Flores da floresta amazônica. 2010 

Um lugar encantador

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"[...]. Este é um dos lugares mais encantadores que já vi. O leito do riacho tem uns dez pés de largura; porém só durante o período das fortes chuvas é que a água cobre tal espaço: na ocasião a corrente era apenas perceptível. A água cai sobre três planos sucessivos de granito, cada um de cerca de oito pés de altura, com a superfície coberta de musgo. Ao longo da corrente, no fundo, da cascata, há diversas árvores de porte médio, cujos galhos se cobrem de festões de uma Fuchsia repleta de esplêndidas flores escarlates. Ao lado da cascata há diversas moitas de uma Pleroma de grandes flores e, no meio delas, alguns exemplares de uma Esterhazya , de flor vermelha e uma Clusia cheia de folhas ( C. fragans , Gard.), saturando o ambiente com o deleitoso olor de suas grandes e níveas flores; abaixo destas cresce um Amaryllis , um Eryngium , várias Tillandsia e muitos fetos." George Gardner (1812-1849). Viagem ao interior do Brasil . 1975, p. 44.     Tillandisia paraensi

Uma vegetação luxuriante!

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"Entre as trepadeiras, é muito interessante a Bauhinia , cujos fortes caules lenhosos crescem sempre em arcos de círculos alternados; a concavidade de cada arco é como que artificialmente escavada pelo cinzel curvo de um escultor, e no lado oposto convexo há um espinho curto e rombo. Essa planta original, que facilmente se confunde com uma obra de arte trepa ao topo das mais altas árvores. A folha é pequena e bilobada; mas nunca vi a flor, se bem que seja a planta bastante comum. O aroma desprendido por muitas dessas trepadeiras é forte e variável: o "cipó cravo" tem cheiro muito agradável semelhante ao do cravo: outras, ao contrário como observou La Condamine, viajando pelo rio Amazonas, cheiram a alho. Muitas dão longos ramos para baixo, que se enraízam; o que estorva o caminho do viajante, obrigando-o a cortá-los com o "facão" antes de poder prosseguir. Há galhos pendurados que, quando agita o vento, dão, frequentemente, rudes pancadas na cabeça do transeu

Uma Clusia rosa e branca

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"Outra planta que então se tornara muito abundante era uma Clusia rosa e branca, de grandes folhas brilhantes e flores que exalavam um aroma forte e penetrante. Conquanto possa desenvolver-se independentemente, tornando-se uma árvore de alto porte, ela geralmente cresce como parasita, apoiando-se em outras árvores da floresta. Seus grandes frutos redondos e esbranquiçados são chamados de cebola-braba pelos naturais, sendo muito apreciados pelos pássaros, que provavelmente depositam suas sementes nas altas forquilhas das árvores. Ali, aproveitando matéria orgânica decomposta, fezes de aves, etc. ela rapidamente desenvolve suas raízes, até atingir um tamanho tal que necessite um maior volume de nutrientes do que aquele de que dispõe. Quando isso acontece, essa planta emite longos rebentos que chegam até ao solo. Esses também lançam raízes e acabam por desenvolver um longo caule. Em Nazaré há uma árvore, à beira da estrada, numa forquilha da qual cresce uma enorme palmeira mucajá