As alegorias na selva amazônica!

 
 
"Um olhar na selva amazônica, sobretudo na da várzea, mais densa e escura que a da terra-firme, revela a ânsia dos dois reinos para os cimos, como se fugissem horrorizados da penumbra. Porque a floresta da pátria das aluviões é sem dúvida profundamente sombria, mal deixando passar no crivo da sua cabeleira verde um ou outro raio luminoso. A natureza então arma os seus representantes, vegetais e animais, de órgãos suplementares para a subida. E a caminhada rumo do alto, no aperto silvestre de mil espécies arbóreas, traduz-se por uma luta formidável, de girafas botânicas, a espicharem o pescoço para cima. [...]. As epífitas, suspensas na galhada em bouquets, em lianas, em coroas, em guirlandas, em cipós, lembram o cordame duma fragata vegetal encalhada na selva, quando não uma festa da Natureza em que bizarro decorador silvestre ornamentasse, árvore por árvore, a floresta em peso de esquisitas alegorias botânicas: palmas, flabelos, festões, grinaldas, frisos, coloridos na tinta de multifárias nuanças verdes, de multifários cromos glaucos, de multifárias tonalidades clorofiladas. Essa multidão floral foge espavorida do escuro". Raimundo Morais (1872-1941). Amphitheatro amazônico. 195, p. 152-153.
 
 
 
Árvore na  Praça Batista Campos. Belém-Pará-Brasil
Fotografia de Olímpia Reis Resque


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