Viajantes: Uma viagem agradável!


"Foi a primeira viagem efetivamente agradável que fiz na América do Sul. Como a canoa era minha, fui senhor de meus movimentos, parando quando queria e prosseguindo quando assim o decidisse. Ademais, a cabine era nova e cômoda, comprida o bastante para conter minha rede sempre estendida, além de uma cama que preparei usando como colchão grossas camadas da casca macia da Castanheira-do-Pará (Bertolletia, segundo a designou Humboldt). Minhas caixas de plantas me serviam de mesa, e os caixotes, de cadeira. No teto, pendurei minha espingarda e diversos  artigos e objetos que eu de fato queria ter o tempo todo à mão. Já a cabine dianteira, aqui chamada de tolda da proa, era ocupada pelas cestas de farinha, alguns pacotes de sal e diversas bugigangas que levava comigo para comerciar com os índios. Quando chovia, servia ainda para abrigar a tripulação. Fora isso, eles preferiam dormir ao relento. De minha parte, avisado pela experiência do perigo que significava dormir ao ar livre nesses rios, eu sempre pernoitava no interior da tolda, e foi a isso que atribui o fato de não ter contraído as febres que tinham sido fatais para tantos europeus neste rio. [...]". Richard Spruce (1817-1893). Notas de um botânico na Amazônia. 2006, p. 196.
 
 
Embarcação utilizada no período (1836).
W. Smyth e F. Lowe, 1836.
 


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