Lendas e Curiosidades: O mimetismo na selva!

"A Amazônia talvez seja a pátria do mimetismo, de tal forma os animais andam preparados através das tintas que os colorem, para se confundir, no susto que os transfigura (porque o medo, o terror, é que torna pálido, lívido o homem na frente do perigo), ao ponto em que se encontram. Mesmo antes da brusca metamorfose cromática que neles se opera ao deparar o inimigo, já eles têm instintivamente a nuança dos lugares que habitam, como as cigarras, as ponhamesas, os grilos, as aranhas, as lagartas de fogo, as lesmas, as osgas, que exibem o mesmo tom da folhagem, da casca da árvore, do solo em que se movem. Foram as borboletas na Amazônia, amarelas como os barrancos, brancas como a tabatinga, pardas como os galhos, que facilitaram a Wallace e a Bates as primeiras observações sobre o mimetismo. A preguiça, com o filho às costas, que mal se distingue andando lentamente pelo chapéu largo das árvores, basta ver uma sombra ou ouvir um rumor, esconde-se nuançada na casca parda em que é surpreendida. Some-se. O camaleão, mais famoso ainda nesse artifício mimético, se não for apanhado imprevistamente, colore-se, ao simples fuzilar duma asa, e desaparece mesmo sob o olhar aquilino do falconídeo que o espreita gulosamente. As rãs verdes, que vivem nas habitações aéreas da selva, mal sentem o adversário, encantam-se. Embora fascinadas pelo éter, andam elas com cinco sentidos, seguras de que a menor imprudência é a morte. Dois batráquios interessantes são companheiros desse grupo de ranídeos: o sapo-boi e o sapo-cunauarú. O primeiro pelos mugidos semelhantes aos do touro; o segundo pelo ninho de secreções odoríferas que fabrica, ninho de resinas cheirosas, e que  ao ser queimado na alcova das cunhãs lembra essências aromáticas. Raimundo Morais (1872-1941). Amphitheatro amazônico. 1936, p. 155-156.
Corujas.
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