Viajantes: Os Araçaris.


"Os Araçaris têm brado mais claro, que soa Kulik, Kulik. Gostam de dar concertos pela madrugada e à tardinha; em geral reúnem-se num ou mais gigantes da floresta, soltos ou vizinhos entre si, que demoram na borda da mata ou dominam a vegetação adjacente. Um dá o alamiré, os outros entoam ora em solo, ora em dueto, ora em coro, uns mais profundos, outros mais altos, concerto admirável e cômico, que excita gargalhadas quando invisível, na vizinhança pode observar-se o modo como as diversas partes do corpo, cabeça, pescoço e cauda entram também na mímica [...].
Durante as horas quentes do dia gostam de permanecer ocultos na sombra das copas escuras, arranjam-se na meia luz do mato trançado ou de uma touceira de taquara, chegando mesmo a pousar no chão.
A noite gostam de escolher um esconderijo seguro para dormir. Tomam então posição muito esquisita; de cauda voltada para diante por cima do dorso, cabeça escondida debaixo de uma asa, representam espetáculo altamente engraçado. Antes de entregarem-se ao sono, denotam inquietação notável, saltitam por aqui e por ali e soltam o grito a mais não poder". Emílio A. Goeldi (1859-1917). As Aves do Brasil. 1894.
 
 
Araçari. Pteroglossus aracari.
Ilustração de  John Gould (1804-1881).
A monograph of The Ramphastidae or family of toucans.  1992.


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