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Mostrando postagens de setembro, 2013

Viajantes: Pica-pau-de-cabeça-vermelha.

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      "[...]. O pica-pau-de-cabeça-vermelha conhece uma raiz que abre todas as coisas. Quem possuir ela, abre tudo que é de porta neste mundo. O diabo é descobrir aonde é que o uirapaçu tem o ninho. O pássaro é arisco e esconde o ninho bem dentro das matas, no bambual em riba de um pau seco.[...]". Peregrino Junior (1898-1983). A mata submersa e outras histórias da Amazônia . 1960, p. 152.     Pica-pau-de-cabeça-vermelha ou Arapaçu. Desenho de J. Th. Descourtilz. História natural das aves do Brasil. 1983.               

Reflexões: Dois amores

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"Como te chamas?", disse ele, "Meu nome é Amor." Imediatamente o primeiro voltou-se para mim E exclamou: "Ele mente, pois seu nome é Vergonha, Mas eu sou o Amor e costumava ficar Sozinho neste belo jardim até que ele chegou, À noite, sem ser convidado. Sou o verdadeiro Amor. Encho os corações de rapazes e moças  de chama mútua". Então, suspirando, disse o outro: "Seja como queres, Eu sou o Amor que não ousa pronunciar o próprio nome".   Lord Alfred Douglas, 1870-1945 A linguagem do amor, 1988.         Pintura de Pierre Auguste Cot, 1880.  

Viajantes: Papagaios

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"[...]. Vêm-se também lindos papagaios de asas listradas de branco e amarelo, e outros possuindo uma coroa alaranjada. Eram ambos os tipos muito abundantes, e muito nos divertíamos observando a contínua atividade em que se entretinham, subindo e descendo pelos galhos e troncos das árvores, ou, quando se assustavam, fugindo subitamente em revoada. Sua plumagem aproxima-se tanto da cor das folhagens, que por vezes é impossível enxerga-los, mesmo depois de se ter visto um bando inteiro entrando pela galharia a dentro e de se escutar a gritaria que eles aprontam. Então, após ficarmos procurando por eles até que nossa paciência se esgote, ei-los que repentinamente alçam voo num alegre e triunfante alarido". Alfred Russel Wallace (1823-1913). Viagens pelos rios Amazonas e Negro . 1979, p. 67.         Papagaios - Tanajuba - Periquitos Desenho  de Ernst Lohse (1873-1930). Álbum de Aves Amazônicas de Emílio Goeldi. 1900-1906.       

Viajantes: Um caminho na floresta

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"A vereda era muito ruim, pois as imensas raízes das velhas árvores gigantescas cruzavam o caminho quase a cada passo e no tempo de chuva evidentemente se transformava em um arroio, pois as chuvas tinham varrido o solo intermediário entre as raízes esparramadas, formando buracos fundos sobre os quais as mulas avançavam com dificuldade; mais adiante, onde o terreno formava uma encosta íngreme, a trilha se tornava ainda pior. Excetuando-se estes obstáculos, esta parte do caminho era realmente atraente; a atmosfera fresca e úmida, a alvissareira sombra, a variedade da folhagem, os velhos troncos imponentes festonados com uma miríade de trepadeiras e cipós e cobertos de musgo, líquens, bromélias, orquídeas e outras parasitas; e contra o fundo escuro de sombra flutuavam como brilhos bruxuleantes de fogo as asas de cores vivas das borboletas e mariposas da floresta". (James W. Wells [1841-?]. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil: do Rio de Janeiro ao Maranhão

Reflexões: Rosa - Amor

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    Se Zeus quisesse oferecer às plantas Uma rainha para o mundo das flores, A rosa seria a escolhida E faria erubescer a rainha de cada bosque. Filha mais doce das manhãs orvalhadas, Joia adornando o seio da terra, Olho do prado, brilho dos campos, Botão de beleza, afagada pelas alvoradas: A alma suave do amor ela respira, A testa da Cípria com mágica adorna; E, às carícias turbulentas de Zéfiro, Entrega suas verdejantes tranças Até que, excitada com o luxuriante jogo, Faz corar até a luz dos adivinhos. Safo de Lesbos (c.600 a. C.) A linguagem das flores,1989.       Rosas Pintura de Ferdinand Georg Walmuller (1793-1865). Oil paintings Allartclassic. 

Viajantes: Pupunheira

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"A pupunheira ( Guilielma speciosa , Mart.), cujo fruto parece verdadeiro pão do céu, alimento admirável, perfumado, come-se quer cosido simplesmente, quer embebido na calda de açúcar no mel de cana e no mel de abelha. É uma iguaria deliciosa, sobremesa invejável. De casca vermelha, verde, amarela, os grandes frutos ovoides, como pequeninas peras, e só estes, já não têm caroços. Julgam os naturalistas que isso decorre da seleção feita pelo selvagem; é o resultado do pomicultor aborígene, que a distingue com tal carinho, a ponto de lhe não derrubar a árvore, sagrada para o seu machado. Qualquer roçado aberto pelo íncola deixa o sinal da reverência indígena pelo maravilhoso pomo: a pupunheira em pé". [...]. Raimundo Moraes (1872-1941). Paiz das pedras verdes . 1930, p. 101-102.         Pupunheira ( Guilielma speciosa) C. Fr. von Martius. Historia naturalis palmarum, 1823.        

Viajantes: Baunilha.

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"As orquídeas todas migram para os galhos batidos de luz, tanto que só medram e florescem na orla da mata. Uma das mais curiosas da espécie, a baunilha, a qual longa e fina centopeia que tivesse em vez de cem, milhares de pés (tais se os afiguram suas folhas), dá a ideia esguia de um bicho esmeraldino subindo pelo caule das árvores altas, sobretudo das palmeiras, como é vista na capital do Pará numa chácara da Avenida S. Jerônimo. [...]". Raimundo Moraes (1872-1941). Amphitheatro amazônico , 1936, p. 153.             Vanilla planifolia  Claude Aubriet.  Wilfrid Blunt & William T. Stearn. The art of botanical illustration.  1995.    

Viajantes: Riacho da Cachoeira.

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"[...]. Os nossos passeios levaram-nos às vezes - por um caminho já invadido pelo mato, a oeste da cidade, - ao Riacho da Cachoeira,  regato da mata, que se despenha de um rochedo de grês de cantaria, e forma bonita cascata. A água tem aqui em geral, a temperatura de 19,5  a 20 graus, em contraste com o estado térmico médio das águas do Amazonas (26 graus), e proporcionou-nos o gozo de um banho, semelhante ao do nosso norte europeu. Suntuosa variedade de flores e de arvoredo cerca essa bacia de sorte que, para nós naturalistas, os afamados banhos da Itália teriam menos encanto. Procurei esboçar o aspecto daquela solidão adorável. Quando nos afastamos mais da Barra, julgava-se necessário levar acompanhamento de índios armados, porque a região é procurada por onças. [...]". J. B. von Spix (1781-1826) & C. Fr. von Martius (1794-1868). Viagem pelo Brasil 1817-1820 , v. 3, p. 160.       Riacho da Cachoeira, nas cercanias  da Barra do Rio Negro. C. Fr. von Mar

Reflexões: Ah! enche o copo! De que serve repetir.

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"Preencha hoje a taça da vida com êxito total. Esqueça os fracassos e as provações dos dias de ontem - já enterrados - e não fique de cenho franzido ante temores, que ainda não surgiram, de um amanhã que está por vir. Os arrependimentos de ontem e as preocupações pelo futuro podem ser dissipados se todos os dias do presente forem vividos de maneira correta. Após vinte e quatro horas, todos os "hoje" tornam-se um ontem. Disso decorre que, vivendo cada hoje  de maneira apropriada, podemos controlar o futuro e auferir benefícios do passado constituído desses hojes. Quer sua busca seja por êxito material quer seja por elevação espiritual, jamais se lamente pelo que não conseguiu no passado, nem deixe para amanhã seu esforço pelo êxito. Concentre seus melhores esforços em obter êxito hoje e, mais cedo ou mais tarde, eles alcançarão a coroa da vitória". Paramahansa Yogananda (1893-1952). O vinho místico. O Rubaiyat de Omar Khayyam: interpretação espiritual . 1998.  

Belém do Grão-Pará: Praça de Nazaré no inicio do século XX.

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"Depois de amanhã deixaremos a cidade do Pará; partiremos pelo Santa Cruz para o Ceará. Parece que vamos deixar a nossa própria casa dizendo adeus aos nossos excelentes amigos da Rua Nazaré; até aos lugares da redondeza nós nos afeiçoamos pela sua beleza. A larga avenida plantada de mangueiras, extensa de quatro ou cinco quilômetros, conduz ao seio das grandes florestas, onde uma porção de caminhos estreitos e verdejantes são outras tantas tentações para passeios. [...]". Luiz Agassiz & Elizabeth Cary Agassiz. Viagem ao Brasil - 1865-1866 . 2000, p. 366.         Praça e Avenida Nazaré no início do Século XX O Município de Belém, 1906.

Viajantes: Corujas

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"As corujas, especialmente as noturnas, sempre inspiraram ao povo uma repulsão mesclada de terror. O aspecto de seus olhos arregalados, orlados de olheiras penugentas, parece revelar uma vida de orgias noturnas, de noitadas gastas em diabólicos "sabbats". O costume, que algumas espécies têm, de habitar as torres de igrejas, os cemitérios, as taperas, as casas meio desmoronadas, o oco das gameleiras, onde a imaginação popular assegura ser o pouso favorito do caapora, aumenta ainda mais o terror dos supersticiosos. E como se tudo isso ainda não bastasse, a sua voz possui entonações macabras, soa aos ouvidos pávidos como gargalhar de duendes. Ao ouvir-lhe a sardônica risada, ora ululante, ora áspera, as mães acingem ao peito os filhinhos amedrontados, e as velhas lançam ex conjuros para o silêncio da noite. É evidente um gasto inútil de pavores. Pobres corujas! Ao saírem de seus refúgios, onde cochilam gostosamente durante o dia, como é seu hábito, elas saúdam a

Reflexões: Amizade de colegiais

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Na escola, a amizade é uma paixão. Extasia a existência, dilacera a alma. Nenhum amor da vida futura é tão arrebatador, nem tão desditoso. Nenhuma alegria é tão empolgante, nenhuma dor de ciúmes ou desespero tão aniquiladora e tão pungente! Que ternura e que devoção! Que imensa confiança, revelações inesgotáveis de pensamentos íntimos! Que presente  enlevado e futuro romântico! Que implacáveis desavenças e que enternecidas reconciliações! Que cena de tempestuosas recriminações, agitadas explicações, apaixonada correspondência! Que insana suscetibilidade e que frenética sensibilidade! Que terremotos do coração e furacões da alma estão presos nesta simples frase: amizade de colegiais!    Coningsby, Benjamin Disraeli, 1804-1881 Pintura de Thomas Webster (1800-1886) A linguagem do  amor. 1988.         

Organização do Blog

A partir de hoje meu blog terá seções com publicações semanais, visando uma melhor organização dos posts, que serão divididos da seguinte maneira: 1- Os Viajantes: com relatos de naturalistas e viajantes que percorreram a Amazônia em séculos passados com suas expedições científicas, coletando e registrando as espécies da fauna e flora que encontravam.   2 -Belém do Grão-Pará: narrativas dos viajantes e naturalistas que estiveram na "Cidade do Pará" como chamavam para Belém. Através dessas citações teremos conhecimento de como era a cidade de Belém nos séculos XVIII-XX, complementadas com fotografias da época.   3 -Lendas/Curiosidades: histórias narradas por grandes naturalistas, antropólogos ou estudiosos do folclores amazônico. Geralmente são histórias, lendas ou curiosidades que têm como personagem principal espécies da fauna e flora da Amazônia. 4-Vocabulário histórico da Amazônia e sua presença na literatura: palavras de origem Tupi usadas pela população d