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Mostrando postagens de julho, 2013

J. B. von Spix & C. F. P. von Martius e a chegada em Santa Maria de Belém do Grão-Pará

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"[...]. Quando o sol do dia 25 de julho nasceu no claro horizonte, iluminou em torno de nós um labirinto de ilhas grandes e pequenas, e, no fundo do painel, a margem do continente e da fronteira ilha de Marajó. Ostentava-se alta, verde, pujante, a mata em volta, juvenil e tranquila, como se acabasse justamente de surgir das águas criadoras. Peixes em cardumes evoluíam rápidos na correnteza, e aves de variada plumagem, pousadas nos galhos floridos, pareciam os únicos habitantes daquela grandiosa solidão, colunas de fumaça azul, elevando-se do seio da mata virente, significavam-nos a existência dos senhores da terra no seu feliz retiro. Jamais se nos apresentava tão majestosa a força criadora da terra, como aqui, onde em exuberante plenitude o mundo das plantas brota de todos os lados, fertilizando pelos raios do sol equatorial, acima das águas fecundantes. Este cenário da força criadora do planeta renovava-se continuamente aos nossos olhos, quanto mais nos aproximávamos da cidade.

Japim

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"Quanto aos pássaros, no início avistamos poucos, e nada tinham de excepcional. O único mais comum nos arredores da cidade e que apresentava cores brilhantes era o japim-amarelo, [...], que constrói seus ninhos em colônias, suspensos das extremidades dos ramos das árvores. Encontra-se às vezes, uma árvore repleta desses compridos ninhos em forma de sacola. Aumenta a beleza do espetáculo a visão dos japins, com suas brilhantes penas negras e amarelas, entrando e saindo dos ninhos. O canto desse pássaro compõe-se de notas claras e altas, e ele tem também uma extraordinária capacidade de imitar os trinados de outras aves, justificando seu apelido de tordo-sul-americano". (Alfred Russel Wallace. Viagens pelos rios Amazonas e Negro . 1979, p. 24).         Japim (no alto ) com seus ninhos (à direita). Ilustração de Ernst Lohse. Álbum de Aves Amazônicas de Emílio A. Goeldi. 1900-1906.                 JAPIM - Ave ( Cacicus cela ), da família dos icte

Sagüis

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"Na mesma floresta eu fiquei muito interessado em observar as cabriolas de um grupo de saguis. Eu estava de pé em silêncio na picada, quando, ouvindo um assobio chilreado, percebi, em meio aos galhos de uma árvore acima de mim, duas cabecinhas me espiando de trás de um galho; eles imediatamente recuaram ao notar meu olhar, depois, com cautela, levantaram as cabeças e tornaram a se esconder Um deles então saiu em disparada, evidentemente para buscar outros, pois logo a árvore toda ficou abarrotada deles; sempre que eu fingia olhar para baixo podia vê-los todos avidamente me examinando; quando eu levantava os olhos, suas cabeça sumiam de vista, e seus assobios trinados e tagarelas não paravam um só minuto; sempre que eu me movia eles davam gritos de alarme e alguns fugiam para voltar logo e continuar sua brincadeira [...]; devia haver muitas dúzias deles na árvore quando eu saí. [...]".  James W. Wells. [1841-?]. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil : do Rio

Amor romântico

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Hoje compartilho com vocês o poema de Elizabeth Barrett Browning (1806-1861) "Até que ponto eu te amo?", feito para seu marido Robert Browning (1812-1889). Até que ponto eu te amo?     Até que ponto eu te amo? deixe-me dizer. Eu te amo até a profundidade  e a amplidão e as alturas Que a minha alma consegue alcançar, quando sente o inatingível O objetivo de Ser a Graça Ideal. Eu te amo no nível Da mais tranquila necessidade de todos os dias, Sob o sol ou à luz de velas, Eu te amo livremente, como os homens se esforçam pelo que é Correto; Eu te amo puramente, como eles que não buscam Aprovação. Eu te amo com a mesma paixão Dos desgostos da velhice, e da crença da infância. Eu te amo com o amor que eu parecia perder com meus santos esquecidos - eu te amo com o fôlego, Sorrisos, lágrimas, de toda a minha vida! - e, se Deus o permitir, Eu te amarei ainda mais depois da morte.   Elizabeth Barrett Browning (1806-1861)          

Viajantes: Preguiça de três dedos

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"Ao vadiar uma manhã numa das clareiras, encontramos uma preguiça rastejando pelo chão; circunstância rara, pois essas criaturas dificilmente deixam os ramos das árvores da floresta. Não é um animal bonito; uma massa de pelos cinzentos e rudes; garras agudas e aduncas e uma carinha redonda, algo como a de um macaco [...]. A preguiça é um vegetariano total. Pendura-se a um galho por meio de seus ganchos podálicos e nessa posição invertida vive, ou existe, todos seus dias numa calma perfeita, entre o comer e o dormir. Procura outro galho quando tem que encontrar novo alimento; mas a locomoção de uma lesma, ou de uma tartaruga, é rápida, em comparação. Esta que encontro no solo está inteiramente fora do lugar. Espicha-se para cá e para lá, estende uma perna para frente, muito devagar, agarra um galho e avança penosamente por ele acima, [...]".  Herbert Smith (1851-1919). In: PAPAVERO, N. ; OVERAL, W. L. Taperinha: histórico das pesquisas de história natural realizadas em uma f

Selva tropical brasileira

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    "...Nas florestas primitivas, as árvores e as folhas são aquilo que oferece ao europeu maior analogia com o que ele já conhece; mesmo assim, alguma há com um caráter bem particular. Citarei a figueira da América, cujas raízes parecem contrafortes dos troncos esguios e as begônias de flores amarelo-ouro. As inúmeras variedades de palmeiras são inteiramente inéditas para o europeu, bem como as árvores da espécie dos fetos, produtos de um mundo desconhecido. Em vão tentaríamos exprimir por palavras a graça e a beleza desses  seres que os poetas à míngua de expressões capazes de pinta-los, nos apresentam como a própria perfeição...". J.M. Rugendas. Viagem pitoresca através do Brasil . 5a. ed. 1954, p. 11-12.   Paisagem na selva tropical brasileira - 1830. J. M. Rugendas (1802-1858)     

Acauã

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"Ave silvestre, também chamada Acauã, pouco menor do que uma galinha. É ave animosa, não sendo seu corpo dos maiores...As cobras têm-lhe tanto horror que fogem ao seu canto, o qual os naturais do país imitam para afugentá-las e afirmam que não as há no espaço em que a ave gira... Os naturais da terra as têm como aves de agouro porque sempre que canta há novidade. Estando para vir algum hóspede à casa, afetam conhecer pelo canto a demora de tempo que levam para chegar. Dizem que acauã quer dizer adivinhador...". Eurico Santos. Da ema ao beija-flor . 1952, p. 116. Acauã  Desenho de Hercues Florence (1804-1879).  Expedição Langsdorff ao Brasil (1821-1829).                             ACAUÃ - Ave da família dos falconídeos Herpetotheres cachinnans, considerada ave caçadora e com fama de ser de mau agouro. O termo  é de origem indígena e significa "comedor de cabeças" (de cobras), segundo Theodoro Sampaio  em O tupi na geografia

Tuiuiú

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"...Mais adiante, quando embicávamos por um  braço do rio, surgiram a nossa frente, sobre uma orla de praia e bem destacados no fundo verde da paisagem, dois enormes e solenes tuiuiús. Esses também não esperaram pela nossa aproximação e, depois de dois ou três saltos, em que tomaram alor, foram-se para o azul, cada vez mais altos, em lindo voo espiralado. Vê-los lá por cima, librando-se serenamente, de asas ao pairo e esguio corpo afuselado, era ter a impressão perfeita de dois níveos e graciosos aeroplanos". Gastão Cruls (1888-1959). A Amazônia que eu vi . 1954, p. 138.       Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930). Tuiuiú (à esquerda).  

Frutos e Sementes: caderno de anotações.

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Nova publicação saindo do forno: Frutos e Sementes: caderno de anotações. Pesquisa de Olímpia Reis Resque, Ilustrações de Eron Teixeira e Apresentação de Francileila Jatene Cavalcante. Lançamento previsto para o início de agosto/2013. A equipe do Núcleo Editorial de Livros do Museu Goeldi caprichou, o trabalho está um primor! Obrigada!

Viajantes: Floresta Brasileira

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"Uma vegetação totalmente diferente, de uma exuberância e selvagidade autenticamente tropical recebeu-nos aqui. Árvores de folhagem, de um tamanho gigantesco nunca visto erguiam-se para o infinito. Na base dos troncos retos como velas, de uma circunferência monstruosa, corriam para todos os lados raízes em forma de paredes que nós devíamos ultrapassar. Nas esguias palmeiras de paxiúba, que com numerosas raízes aéreas se agarravam no solo, trepava os filodendros com folhas largas, e outros parasitas subindo para o alto. Em cada racha das árvores, em cada galho seco, em toda a parte onde poderiam encontrar um pouco de alimento, tinham se  aninhado as mais diversas orquídeas. Quantos tesouros botânicos estavam abrigados nestes desconhecidos trópicos selváticos!" Theodor Koch-Grünberg (1872-1924). Dois anos entre os indígenas: viagem no noroeste do Brasil (1903-1905) . 2005, p. 238-239. Floresta Brasileira Conde de Clarac. c. 1816.    

Surucuá

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"No dia seguinte quase não choveu. A viagem foi esplêndida e vagarosa, descendo aquele belo rio tropical. Até a metade da tarde a correnteza não estava muito forte e a vasta, profunda e plácida massa d´água se estendia em curvas para todas as direções, embora o curso normal se dirigisse para o nordeste A região era plana e a maior parte do terreno estava debaixo d´água. Continuadamente atravessamos grandes extensões de mato submerso, onde a água lambia os troncos das árvores. De uma feita, passamos por uma colina. Vimos periquitos de belíssimas cores e lindos surucuás...". (Theodore Roosevelt. (1858-1919).  Nas selvas do Brasil . 1976, p. 165). Surucuás Ilustração de J. Th. Descourtilz  (1796-1855)       SURUCUÁ - Nome popular dado às espécies  Trogon e Pharomachrus , da família dos Trogonídeos, com várias espécies conhecidas na região amazônica: surucuá-de-barriga-amarela, surucuá-de-barriga-vermelha, surucuá-de-cauda-preta, entre outras. ETIMOLOGIA : Para

Mutum

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"Pouco antes do pôr-do-sol, chegamos a uma margem um pouco mais elevada, com algumas árvores altas e muitas palmeiras tucum espinhosas, onde montamos acampamento. Havia poucos mosquitos, um acontecimento tão agradável que merece comentário. Foi uma noite fresca, enluarada, mais cheia de ruídos do que nunca. Não sei se consigo me lembrar de todos: eram gritos, berros, rugidos, estrondos, gemidos, coaxos, assobios, sibilos, cantos e zunidos enchendo o ar. Eu os ouvia meio dormindo meio acordado. Mas o mais primoroso era o som abafado e grave dos mutuns que, do alto, soltam melancólicos e repetidos mu-tum-tum, como se soprassem uma corneta...". (G. Langsdorff (1774-1852). Os diários de Langsdorff . 1997, p. 215). Mutum e Urumutum   Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930) em Álbum de aves amazônicas. Suplemento ilustrativo à obra "Aves do Brasil" pelo Dr. Emílio A. Goeldi. 1900-1906.

Maracujá

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"Diversas e bonitas convolvuláceas trepam pelas cercas, juntamente com várias lindíssimas bignoniáceas com suas flores amarelas, alaranjadas ou roxas. Mas as mais admiráveis de todas são passifloráceas, abundantes na orla da floresta. Elas são de diversas cores: roxas, escarlates, róseas. As roxas desprendem um perfume extremamente delicado. Todas dão um saboroso fruto, o maracujá, também conhecido como "granadilha-das-índias-ocidentais". Alfred Russel Wallace (1823-1913). Viagem pelos rios Amazonas e Negro . 1979. p. 21. Passiflora spp. Ilustração de Eron Teixeira.

Beija-Flor

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"Havia uma profusão de beija-flores nas laranjeiras e pomares das redondezas, mas só distingui três espécies. Certo dia vi um minúsculo espécime pertencente ao gênero Phaethornis tomando banho num regato; estava empoleirado num fino ramo cuja ponta se enfiava dentro da água. Ele mergulhava, depois ruflava as asas e alisava as penas, dando a impressão de que se divertia muito, sozinho ali naquele ensombrado cantinho protegido pelas largas folhas das samambaias e Heliconiae. Ao observá-lo, refleti que os poetas não precisavam inventar elfos e gnomos uma vez que a Natureza colocava ao alcance da nossa mão tão minúsculos e maravilhosos seres". (Henry Walter Bates. Um naturalista no rio Amazonas . 1979, p. 72). Beija-flores Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930) em Álbum das aves amazônicas de Emílio A. Goeldi.  

Amazônia Exótica: curosidades da floresta.

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Algumas das publicações que farei  neste blog fazem parte do meu livro Amazônia exótica: curiosidades da floresta , elaborado com a colaboração do Prof. Daniel Rebisso Giese e lançado em 2a. reimpressão em 2012 na Feira  Pan-Amazônica do Livro em Belém do Pará. São relatos curiosos sobre fauna e flora, de cronistas, viajantes e naturalistas que passaram, com suas expedições pela Amazônia. Vejam o livro!